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Antimicrobianos: Devemos Racionalizar O Uso

18/10/2007

Brasília, 11 de outubro de 2007 - 20h

Pela primeira vez, o Brasil terá diretrizes para formular ações voltadas para o controle da resistência microbiana aos medicamentos. As propostas são do Comitê Técnico Assessor para Uso Racional de Antimicrobianos e Resistência Microbiana (Curarem), coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As sugestões do comitê consultivo envolvem áreas da saúde, como a atividade médica e os serviços oferecidos por hospitais e clínicas.

As propostas podem impactar no uso que os pacientes e a população em geral fazem dos antimicrobianos – medicamentos capazes de destruir ou suprimir a multiplicação de microrganismos. A partir deste mês, as propostas do comitê devem ser analisadas por diversos órgãos do governo federal, como o Ministério da Saúde, com a possibilidade de serem incluídas nas políticas públicas das respectivas áreas.

A elaboração de normas técnicas com padrões nacionais de microbiologia é uma das sugestões do Curarem. O objetivo é melhorar os níveis de detecção e classificação dos microrganismos e aprimorar o estudo acerca da resistência dos mesmos. Neste sentido, a Anvisa realiza, desde 2004, em conjunto com mais de 100 hospitais, o monitoramento da resistência microbiana (Rede RM) no país.

(Luana Cury, Assessoria de Imprensa da Anvisa)

Propostas

Entre as propostas do comitê, que foram encaminhadas ao Ministério da Saúde, estão:

Inclusão de conteúdo sobre uso racional de antimicrobianos na grade curricular do ensino médio, bem como nos cursos de graduação e pós-graduação da área de saúde;
Inclusão, na estrutura do Programa de Saúde da Família (PSF), de estratégias voltadas ao uso racional de medicamentos;
Desenvolvimento de campanhas sobre uso racional de antimicrobianos nos meios de comunicação;
Incentivo a cursos de capacitação sobre o tema para médicos em geral e para os profissionais de saúde que integram as comissões de controle de infecção hospitalar (CCIHs) dos serviços de saúde;
Incentivo à prescrição de quantidades limitadas de cápsulas ou comprimidos, de acordo com a necessidade do tratamento;
Elaboração de manual sobre uso racional de antimicrobianos, considerando os dados brasileiros de monitoramento da resistência microbiana;
Incentivo à criação de programas para o uso racional de antimicrobianos nos serviços de saúde;
Incentivo à capacitação dos profissionais que atuam nos laboratórios de microbiologia e elaboração de normas técnicas com padrões nacionais; e
Instituição da obrigatoriedade de notificação aos órgãos competentes, pelos médicos, de infecções e surtos relacionados a microrganismos multirresistentes.

Antimicrobianos: a escolha

Os antimicrobianos podem ser de dois tipos: os antibióticos, que são produzidos pelos próprios microrganismos (como bactérias ou fungos) ou em laboratório e os quimioterápicos, sintetizados em laboratório. Desde a descoberta da penicilina, eles têm contribuído para o combate de doenças consideradas muito graves.

A escolha do médico por um tipo de antimicrobiano é tomada com base no que se conhece do microrganismo causador da doença; na finalidade a ser alcançada – curativa ou profilática (prevenir uma infecção, por exemplo); e nas informações do quadro clínico do paciente, por meio de exames clínicos e laboratoriais. Mas também deve ser tomada de forma a se evitar a criação de resistência por parte dos microrganismos.

“Não existe antibiótico que serve para tudo. Cada instituição deve ter seu rol de antibióticos disponíveis eleitos pelo corpo clínico, com base em evidências científicas. Os tipos de infecções predominantes em cada hospital, os diferentes agentes etiológicos e a localização da infecção são fatores que influenciam as escolhas”, explica o diretor da Anvisa e médico, Cláudio Maierovitch.

“Também é preciso levar em conta se a instituição tem ou não condições de adquirir antimicrobianos mais caros ou de fazer um eficiente diagnóstico dos agentes causadores. Além disso, é extremamente importante que o hospital faça um rodízio dos antibióticos usados para se evitar a disseminação de resistência”, completa o diretor.

Infecção

Para o coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, Roberto Grinbaum, a decisão de se optar por iniciar um tratamento à base de antibióticos é mais complicada que a escolha entre dois tipos de antibióticos. Para o infectologista, que também é membro do Comitê de Antimicrobianos da Sociedade Brasileira de Infectologia, a decisão profissional sofre pressão do que ele chama de “cultura da hipervalorização da infecção”.

“Na primeira febre que um idoso hospitalizado apresenta, a tendência é que o médico inicie o uso de antibiótico. O mito de que o tema infecção é algo muito difícil de se lidar, leva os profissionais a supervalorizar o quadro”, aponta Grinbaum. Segundo o médico, esta cultura, aliada à sobrecarga de trabalho

(e conseqüentemente ao curto tempo para atender cada paciente) e à própria pressão dos pacientes pela prescrição de antibióticos, leva à prescrição inadequada e, consequentemente, contribui para a resistência.

“Estudos do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos mostram que, na pediatria, quando os atendimentos são rápidos, as mães só se satisfazem se os médicos receitam o antibiótico. Quando o atendimento é mais longo e o médico explica para a mãe o que é a infecção e como tratá-la, ela não exige o medicamento”, diz o infectologista.

Para a comerciante de Belo Horizonte (MG), Lilian Mariano Coelho, o sucesso do tratamento estaria ligado essencialmente ao uso de medicamentos. “Se eu levasse meu filho ao médico e ele não receitasse um antibiótico, eu saía do consultório um pouco descrente, achando que o problema não ia ser resolvido”, conta Coelho, mãe de Guilherme, de quatro anos.

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Microbiologia e professora titular do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Marina Martinez, uma medida necessária seria alcançar as crianças. “Acredito na estratégia de educar as crianças para o uso racional de antibióticos, para que elas sensibilizem seus pais, a exemplo do que já aconteceu com as temáticas do trânsito e do meio ambiente”, defende a microbiologista.

Para Martinez outra medida importante é estabelecer a padronização das normas usadas pelos laboratórios que fazem os diagnósticos. “Os laboratórios brasileiros não possuem uma norma padrão. As normas mais reconhecidas são a européia e a americana. Porém, como os perfis de sensibilidade dos microrganismos mudam de país para país e até mesmo entre os hospitais, a elaboração de um padrão nacional pode traduzir de forma mais fidedigna o perfil da resistência no Brasil.”, afirma. No caso da Rede RM, as normas utilizadas são as do Instituto Clínico e Laboratorial (CLSI), dos Estados Unidos.

Uso irracional e resistência

O estudo “Antibióticos para profilaxia cirúrgica”, publicado pela Australian Prescriber em 2005, demonstrou que entre 30% e 50% dos antimicrobianos utilizados em hospitais se destinam à profilaxia cirúrgica. Nesses casos, a taxa de uso inadequado estaria entre 30% e 90% . “É possível perceber que existe um excesso por parte dos médicos em prescrever com indicação profilática. Porém, as indicações para isso são pouquíssimas”, lembra Cláudio Maierovitch.

O uso irracional (indiscriminado) se caracteriza quando os medicamentos são tomados em doses e períodos inadequados, ou ainda quando se usa o tipo incorreto de antimicrobiano. Esta prática pode levar ao aumento da resistência dos microrganismos aos medicamentos. Diagnósticos imprecisos e a cultura da automedicação são fatores que contribuem para o uso irracional e, consequentemente, para a formação de microrganismos resistentes.

No Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, foi elaborado um guia de bolso sobre antibióticos para os médicos. “Analisamos os tipos de infecção predominantes no hospital, as maneiras corretas para diagnosticar, os fluxos que o paciente percorria dentro do hospital e os antibióticos apropriados para cada caso. Compilamos e publicamos num formato que cada médico pudesse carregar consigo para onde fosse”, conta Roberto Grinbaum.

Implicações

Dados do CDC norte-americano indicam que pessoas infectadas com microrganismos resistentes a antimicrobianos permanecem mais tempo no hospital e acabam sendo tratadas com fármacos (substâncias ativas) que seriam a segunda ou a terceira escolha do médico e que têm custos mais altos, além de serem menos efetivos.

O perfil da resistência

No Brasil, desde 2004 está em execução o projeto “Monitoramento e Prevenção da Resistência Microbiana em Serviços de Saúde”, resultado de uma parceria entre a Anvisa, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) do Ministério da Saúde.
O objetivo é melhorar a assistência à saúde por meio do uso racional de antimicrobianos e da detecção, prevenção e controle da disseminação da resistência microbiana nos serviços de saúde.

O projeto levou à criação da Rede Nacional de Monitoramento da Resistência Microbiana em Serviços de Saúde, a Rede RM.

O Curarem foi instituído em julho de 2005, para auxiliar na definição de diretrizes nacionais nos âmbitos hospitalar e comunitário. O comitê coordenado pela Anvisa é composto pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, por alguns ministérios e por sociedades científicas, como a Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica.

Em agosto de 2006, os hospitais participantes da Rede RM começaram a transmitir dados sobre a ocorrência de infecções e agentes causadores. Hoje, a Rede conta com 107 hospitais. Dentre as próximas ações da Rede RM, está previsto um curso à distância sobre medidas de controle e prevenção da resistência microbiana. Com oferta de mil vagas, o curso começará nesta segunda-feira (15).

Resultados

Os estudos da Rede RM estão focados nas infecções primárias da corrente sanguínea em pacientes de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Todos os meses, os hospitais notificam à Anvisa sobre os agentes (patógenos prioritários) causadores de infecções desta categoria.

A partir dessas informações, a rede organiza os dados e levanta indicadores. Conclusões só serão possíveis após análises sucessivas, mas os primeiros dados já trazem alguns indicadores. Revelam, por exemplo, que antimicrobianos, como a substância ativa oxacilina, estão tendo mais dificuldade em controlar a bactéria Staphylococcus aureus. Segundo o diretor da Anvisa, Cláudio Maierovitch, a sensibilidade da bactéria à substância está em 38%, o que representa uma alta resistência.

Informação: Assessoria de Imprensa da Anvisa







 

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